domingo, 6 de julho de 2008

Política, o divórcio entre os cidadãos e os políticos.

Sua Exa. o Senhor Presidente da República tem exprimido a sua preocupação pelo divórcio entre os cidadãos e a política.

Tem razão para preocupações Sua Excelência.

Falo por mim.

O meu descrédito na política e nos políticos aumenta a cada dia que passa.
Só o espectáculo que proporcionam no Parlamento, nas entrevistas obtidas, muitas pondo-se em bicos de pés para as conseguir, são verdadeiramente uma lástima.

No parlamento são os discursos redondinhos e inconsequentes, os floreados retóricos em que se comprazem para darem de si, aos seus pares, uma imagem de grandiloquente erudição, as iniciativas legislativas verdadeiramente assombrosas, como a que pretende regulamentar as tatuagens, as trocas de insultos, à qual nem o Sr. Primeiro-Ministro se furta, o remoque constante ácido, sarcástico, o contínuo alijar de responsabilidades para executivos anteriores ou actos/acções/omissões dos outros partidos com assento parlamentar, fazem desse exercício da política um espectáculo lastimoso.
Os políticos saltam com uma facilidade impressionante dos seus cargos para a cadeira de sinecuras milionárias, nuitas concedidas pelas empresas com que negociaram, em nosso nome e benefício, contratos mais que milionários.
Acumulam pensões milionárias com outras milionárias pensões e tem o desplante, a lata, o nervo e a coragem de, em nome do sacrossanto equlíbrio das contas públicas, negarem, recusarem, pensões dignas, aumentos que, ao menos cubram a inflação, a reformas e salários mais degradados.
Tudo com cobertura legal, tudo.
Tudo com a maior desfaçatez e com a maior imoralidade.

No entremez, o povo sofre, geme, sua suor, sangue e lágrimas, sem vislumbrar no horizonte uma réstia de esperança, um alívio para as suas, cada vez mais degradadas condições de sobrevivência.

O desânimo varre toda a sociedade, onde os mais frágeis são os mais atingidos, desempregados, reformados e pensionistas, com reformas mais que modestas, que são tributados em IRS, as micro, pequenas e médias empresas (com um número ­­mínimo de 50 empregados), fecham as portas a um ritmo alucinante, continuando a debitar pessoal qualificado para engrossar as hostes do desemprego.

Choro por meus filhos, netos, e vindouros para quem o futuro é uma incerteza negra.

O neo-liberalismo completamente selvagem instala-se e conquista, com o apoio de Sua Exa. o prestimoso Primeiro-Ministro, espaços de direitos e liberdades aos trabalhadores, e pequeno empresariado, também ele vítima destas políticas.

Só as classes com poder para “atemorizar” o Governo conseguem fazer-se ouvir e obter aquilo, ou parte daquilo porque lutam e a que se julgam, e terão, com efectivo direito.

Saudações a todos (as)
A Nau Catrineta

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