terça-feira, 22 de julho de 2008

Criminosos de Guerra, Radovan Karadzic

As necessidades da “política real” acabaram por se sobrepor às simpatias e cumplicidades que, a todos os níveis da sociedade, dos governos às forças da ordem e segurança e uma larga faixa da população, permitiram a Radovan Karadzic, verdadeiro genocida e autor directo de assassínios em massa, andasse por mais de treze anos fugido à detenção por ordem do TPI (Tribunal Penal Internacional).

Outro criminoso de guerra continua a monte.

Entretanto é bom não esquecer que estes homens não agiram sozinhos.
Não foram eles que mataram directamente todas as pessoas que esperam pela sua sua punição, neste mundo, para poderem, finalmente, repousar em paz.

Não, não foram. Muitas foram as mãos que empunharam as armas que liquidaram milhares de pessoas, que lançaram as granadas ou que afinaram a pontaria da artilharia.
Mão de homens, infantes, mulheres que com fervor matavam, violavam e torturavam exercendo aquilo que consideravam ser mais do que um direito, uma verdadeira obrigação, exterminar um povo diferente.

Toda essa gente, que hoje negará tais acções, ou que se refugiará na desculpa, tal como os nazis e todos os criminosos de guerra de todas as guerras, da obediência a ordens, são tão culpados, tão cúmplices, tão assassinos como o que agora vai ser entregue à justiça dos homens.

Piedosos crentes de vários credos, amantíssimos chefes de família, filhos e pais exemplares, mergulharam de cabeça e com gozo sádico, em todos os crimes de que este monstro vai acusado.

A cor da sua pele é de um vermelho de sangue carregado e vivem e convivem com isso com aparente tranquilidade a julgar pela protecção que concediam a este poeta criminoso.

O ocidente assistia, proferia ameças, vociferava com maior ou menor convicção e assistia a este verdadeiro "progrom", mas por aí se quedava.

Só quando os gritos dos mortos se tornaram insopurtáveis e o sangue escorria pelas valetas e regava os campos de cultivo, se resolveu a intervir.

Não admira, portanto, que todos os assassinos. chefes de estado e de governo, por esse mundo fora, se sintam livres para fazerem o que os seus instintos mais selvagens lhe pedem.

Tem a certeza que tarde ou nunca serão verdadeiramente responsabilizados e/ou punidos.

Quando morreu o marechal Tito, pensei e comentei que, mais dia, menos dia, aquele país, verdadeira manta de retalhos, iria desmoronar-se. Aconteceu.
Infelizmente só a mão férrea desse guerrilheiro conseguia manter unida tão improvável coexistência mais ou menos pacífica.

A paz podre que existe, vigiada pelas forças internacionais, não tem garantia de futuro.
As comunidades continuam a olhar-se com ódio, com a atávica desconfiança de sempre e aguardam uma oportunidade para novas limpezas étnicas.
Todos têm agora motivos para ódios acrescidos.
Oxalá me engane e a paz, ainda que vigiada e podre, reine, por fim, naqueles países.
Saudações a todos(as)
A Nau Catrineta

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