quinta-feira, 24 de julho de 2008

Islão, politicamente incorrecto

Os Iranianos são Persas, descendentes directos da dinastia dos Aquemênidas, e de Ciro, o Grande, e têm uma história longa cujo início remonta ao 1º milénio a.C. sendo que a primeira referência escrita a respeito deste povo foi produzida pelos Assírios e data de 884 a.C.
Este imenso império, que foi o maior da antiguidade, e cuja religião oficial era o Zoroatrismo, religião monoteísta, a política prosseguida por Ciro, nos territórios conquistados e incorporados no vasto império caracterizava-se por uma elevada tolerância relativamente às religiões, usos e costumes dos povos conquistados, traduzindo-se essa tolerância num apreço pelo conquistador que evitava guerrilhas desgastantes.
A desagregação do império e a sua conquista pelos exércitos árabes (643 a 650), pertencentes ao Califado árabe obrigou à adopção do árabe como língua oficial, substituindo o Parsi, bem como a religião que passou a ser, até hoje, o Islão.
A revolução Islâmica em 1979 que opôs as forças radicais ao Xá
Mohamed Reza Pahlavi veio instituir o regime teocrático e fundamentalista que sobrevive até hoje, apoiado pelos aiatolas Xiitas.
São então estes fanáticos religiosos quem, na verdade, governa o país sob uma estreita, redutora, e medieval visão do Islão.
Este povo vê-se assim a viver sob o jugo da
sharia e a esmagadora maioria liberdades de que o país e seus cidadãos gozavam no reinado do Xá Reza Pahlavi foram, subitamente, abolidas num retrocesso civilizacional sem precedentes.
É neste quadro, em que a religião e o governo do estado são uma e a mesma coisa e em que a sharia se sobrepõe a qualquer lei civil, que
foram condenados, na passada semana, à morte por lapidação, 8 ou 9 cidadãos de ambos os sexos, por alegados crimes de natureza sexual.
Na senda, de resto, do que tem vindo a acontecer noutros países onde o fundamentalismo religioso, estribado num Corão, onde não encontro preceituadas tais práticas, enquanto a comunidade internacional, de vez em , quando, acha por bem clamar contra tais práticas medievais.
Na semana anterior foi a vez de uma jovem ser morta no Afeganistão, dessa vez de uma forma mais “humana”,uma vez que se limitaram a fuzilá-la, por um bando de barbudos e piedosos crentes a quem foi denunciada por estar a namorar numa viatura.
Bem podem os muçulmanos moderados clamar, no deserto e fora dele, que estas práticas, a jiahd com o seu cortejo de meninos/as-homens/mulheres bomba e atentados não representam o Islão.
A imagem subjacente, quer se queira, quer se não queira é a de povos a viverem na época medieval, com usos bárbaros, sem respeito pela vida e dignidade humanas, enquanto se proclamam filhos de Deus, dão, piamente, esmola, peregrinam e rezam 5 vezes por dia.
Sem uma mudança profunda, sem coragem para remeter todos os aiatolá, xeques, e outros líderes religiosos ao lugar que devem ocupar numa sociedade de hoje, o diálogo inter-religioso é, neste quadro, uma tarefa, diria, quase impossível.
Saudações a todos(as)
Nau Catrineta

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