Sempre me tive como não racista, não xenófobo.
Esta apreciação lisonjeira de mim mesmo está estribada na minha experiência de vida, na minha capacidade de relacionamento com gentes de todas as cores e credos, pelas minhas vivências aqui e por distantes paragens, onde fiz, tenho e quero conservar amigos.
Amigos entre judeus, africanos católicos, animistas e outros, árabes e muçulmanos e indo-descententes.
Com todos fiz amizades que prezo e mantenho.
Tinha portanto, de mim, uma imagem não racista e não xenófoba.
Os recentes acontecimentos, nos arredores de Loures, vieram abalar esta bonomia de mim mesmo.
Não pelos acontecimentos em si mesmo, graves, intoleráveis, inadmissíveis mas que, quero crer, sejam uma explosão isolada de um mal-estar social de há muito instalado entre minorias étnicas e na sociedade em geral.
Não me deterei na análise sociocultural dos benefícios ou malefícios do acantonamento de gentes em guetos.
Para além do fenómeno ser conhecido e de estarem identificados os seus malefícios, falta-me, para tanto, conhecimento, engenho e arte.
O que efectivamente me abala é o facto de uma etnia, no caso a cigana, a quem foram distribuídas casas, pelas quais tantos e tantos portugueses, tão ou mais carenciadas delas que os membros dessa etnia, almejam e não alcançam, possam vir reclamar-se e arrogar-se do direito á atribuição de uma nova morada, chegando a choramingar para os noticiários que estão a viver “na rua” por não disporem de mais nenhuma outra habitação.
É isto que me abala fortemente.
Ver um grupo de cidadãos, autores, co-autores, fautores, participantes em cenas dignas do oeste selvagem, ou de um qualquer país em guerra, serem recebidos por presidentes de câmara e outras autoridades, para reclamarem um novo poiso, concedido, evidentemente, à custa de todos nós, por se sentirem inseguros.
Coitados, eles não estavam armados e a disparar, eram só outros.
Haja decoro que paciência já vai faltando.
Saudações a todos(as)
A Nau Catrineta
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