Está a minha alma sangrando de impotência, a fácies desfigurada pela dor atroz que me atormenta desde o último sábado de Junho do ano da graça de MMVIII.
Na verdade foi nesse dia aziago que me dei conta da ingratidão da Pátria para com os seus filhos mais distintos.
Fiquei a saber, pelo Expresso, jornal que leio desde que deu à luz o primeiro número, nos idos distantes do antigo regime, que Sua Exa. o mui digno, distintíssimo e egrégio, Sr. Américo Amorim, (esse mesmo, o homem da cortiça e suas obras, rolhas incluídas), tem um miserável rendimento equivalente ao de 313.901 portugueses médios, sendo que para se chegar a este valor, se considerou como rendimento médio português um rendimento anual de € 22,000 ou, dizendo de outra forma, um rendimento de € 1833/mês.
E eu fico a olhar para estes números, pasmo, quedo, meditabundo, pensando como é que o Sr. A. Amorim e os outros Senhores Américos Amorim ou qualquer outro nome familiar conseguem sobreviver nesta selva de aumentos diários, de inflação galopante, de agressões e esbulhos constantes.
Como será que conseguem pagar os seus créditos habitação? O seu combustível para o(s) carro(s) que devem ser, imagino eu, dos que consomem bastante mais do que o meu.
Como pagarão os colégios dos filhos e netos?
Como é que essa gente consegue viver com esse rendimento miserável e que, também ele nos deixa mal vistos no contexto mundial já que a fortuna desse senhor, uns pindéricos 7 mil milhões de Dólares, é uma piada se comparada com a do homem, hoje em dia, o norte americano Warren Buffet, com uma fortuna de 62 mil milhões de notinhas verdes.
Pensando na angústia que, dia e noite, deve assolar essas figuras predestinadas, ao pensar como conseguirão chegar ao fim do mês, sem recorrer ao banco alimentar contra a fome.
Não sou dos que advogam uma sociedade igualitária.
Não, não sou, até porque quem a tentou instituir depressa se cansou e deu “com os burros na água”.
Mas fico a pensar até quando?
Até quando esta ordem mundial, esta organização social esgotada, na qual a um punhado (11.600 portugueses com mais de 640mil Euros em Portugal, só em activos financeiros), a tudo acede e possue enquanto a esmagadora maioria mal consegue (sobre) viver.
Até quando?
Saudações a todo(as)
A Nau Catrineta
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