Eu, bloguer neófito, me confesso, ao arrepio da tendência e do gosto geral dos meus compatriotas, como um não amante do futebol.
É desporto que nunca me despertou atenção ou simpatia, nem sequer quando, em garoto, a “malta” da minha idade dele fazia a forma última de distracção e passagem de tempo.
Fiquei adepto do FCP, para quem possa ser tão desinteressado quanto eu – Futebol Clube do Porto – porque meu Pai, que descanse em paz, era, como bom nortenho, desse clube.
Assisti ao vivo a dois desafios de futebol.
Um, pela mão de meu Pai, em criança, para assistir a um Benfica-Porto, ganho por este último, e um outro a pedido de minha Mãe, que Deus lhe consinta uma longa presença entre nós, para que um dos meus irmãos mais pequenos pudesse assistir a um jogo internacional, curiosamente também envolvendo o Benfica com quem já me não lembro.
A partir dessa última experiência acentuou-se o meu divórcio com o chamado “desporto rei” e hoje, só assisto e gosto a jogos de finais de taça e/ou campeonato e a jogos da selecção portuguesa.
Fora disso o que mais quero é distância desse mundo de alienação colectiva, como outros mais.
Apesar disso acompanho, por alto, e também porque não tenho outro remédio, já que o futebol, quer eu queira ou não, me é servido em doses industriais pelas televisões, mesmo nos serviços noticiosos, o que se passa de mais importante nesse universo.
Foi assim que assisti ao fim da telenovela da contratação do Sr. Mourinho, figura que me causa uma certa urticária, não pelo que ganha, nem pela importância que julga ter e daquela que lhe atribuem, mas pela sua arrogância que chega a raiar a falta de educação.
Foi assim, vergado aos caprichos dos noticiários televisivos, que fui “obrigado” (digo obrigado porque o sou mesmo, de nada me adiantando mudar de canal, porque se não é no que estou a ver no momento, será no outro para o qual mudei) a assistir à conferência de imprensa dada pela ilustre personagem quando a Itália arribou.
Imbuído da importância da sua transcendental missão de salvar o Inter de Milão.
Um acto trivial, banal e corriqueiro nesse mundo onde os seus actores tão depressa chamam os media para conclaves, com mais ou menos interesse, como se arvoram em donzelas pudicas e ofendidas, fazem birrinha, batem o pé e se recusam a falar com os jornalistas.
Trivial portanto.
Menos trivial e, para mim, difícil de ultrapassar a glote o facto do Exmo. Senhor Mourinho, do alto da sua gigantesca importância, se ter recusado falar em português para os repórteres cá do burgo que, como sempre, atentos, venerandos e obrigados, esmolavam a atenção do senhor.
Não. Português não, que me distrai do recém aprendido idioma italiano.
Por si só esta caricata e ridícula manifestação de novo-riquismo rendido ao seu próprio brilho já seria chocante mas, estava para vir o pior quando, de seguida, também a altíssima personalidade, se põe, também ela de cócoras, para responder em inglês aos repórteres da terra de Sua Majestade.
Filhos putativos de uma Pátria que se queria mais mãe que madrasta, esta nova geração de emigrantes milionários, não desdenham uma oportunidade de achincalhar.
Sei que muita gente ficará incomodada comigo, irritada mesmo, porque a estes ídolos se não podem apontar fraquezas ou defeitos.
Assim seja.
Digo o que sinto e penso.
Saudações a todos(as)
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