sexta-feira, 27 de junho de 2008

As Dívidas à EDP

A autoridade reguladora do sector energético, a ERSE (http://www.erse.pt), vem propor, e tem em discussão pública, que as dívidas consideradas incobráveis, pela EDP distribuição, possam ser diluídas pelas facturas de todos os outros utilizadores.

Não tenho palavras para classificar mais este assalto inqualificável à bolsa do cidadão.

Equivale esta peregrina e mirabolante ideia a dizer que qualquer fornecedor de bens ou serviços poderia, num futuro, dividir os seus incobráveis por todos os seus outros clientes, desde o Sr. José do Minimercado, ao Sr. Alfredo do talho e por todos quantos se abalançaram na aventura de uma vida comercial.

Vida comercial essa que deixaria de se caracterizar pela assumpção de um risco na expectativa de um retorno superior às perdas, sempre previsíveis, em qualquer actividade comercial ou industrial.

Esse risco, pelo menos esse que não é dispiciendo, ficaria, à partida, arredado das previsões e preocupações dos agentes comerciais, sabido que era que, em qualquer momento, se podia “rapar” do lápis, da calculadora e do livro dos “fiados”, calcular quantos clientes se tem e “catrapuz”, aplicar a cada um deles uma “taxa de calote”.

As nossas relações com os Srs. Josés ou Alfredos seriam então bem diferentes das cordiais relações actuais.

Quando um cliente franqueasse a entrada da loja, o prestável lojista, depois do habitual cumprimento, informar-nos-ia com rosto soturno e compungido que tínhamos uma contazinha em aberto, por ignorância seguramente porque sempre fôramos bons pagadores e estimáveis clientes, mas tínhamos sim.

Tínhamos por pagar a taxa de calotes do mês anterior.

A falta de decoro, de pudor de vergonha, desta gente roça os limites do inimaginável.

Em separado publicarei a mensagem de correio electrónico que enderecei a Suas Exas. o Sr. Primeiro-Ministro e aos diversos grupos parlamentares.

Saudações a todos(as)
A Nau Catrineta

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